sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

MORRE DONA MARISA LETÍCIA


Teve morte cerebral na manhã desta quinta-feira, 2, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, a ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva.

Dona Marisa, de 66 anos, estava internada na UTI do hospital desde 24 de janeiro, quando foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A família autorizou os procedimentos para doação de órgãos.  Foi definido que serão doadas as córneas de Marisa. 

A ex-primeira dama havia manifestado a familiares o desejo de ser cremada, o que será atendido. 

O ex-ministro e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), lembrou da amizade com a ex-primeira dama. “O Brasil perde uma grande mulher. O Partido dos Trabalhadores dá adeus a uma companheira. Eu e Fatinha nos despedimos de uma amiga”.

Nesse momento de dor pelo qual passam familiares e amigos da ex-primeira dama, o músico Tico Santa Cruz desejou que a “compaixão e a empatia prevaleçam a qualquer tipo de manifestação de ódio”.

O deputado federal pelo Psol do Rio de Janeiro, Jean Wyllys, lembrou a trajetória de vida de Marisa Letícia, como mulher, mãe e companheira de luta de Lula. “Quero me solidarizar com sua família e com todos os amigos e admiradores dela, em especial com seus filhos e o ex-presidente Lula”, disse.

A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) publicou nota, nesta quinta-feira (2), lamentando a morte cerebral da ex-primeira dama Marisa Letícia Lula da Silva.

Dilma afirmou que conhecia e admirava Dona Marisa, como era chamada, e lembrou as perseguições e injustiças que ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram vítimas nos últimos meses.

“Imagino que a dor de Lula agora é insuportável. Mas tenho certeza que ele saberá superar este momento difícil, recebendo de todos nós, seus companheiros e admiradores, e do povo brasileiro, muitas preces e orações, repletas de carinho e solidariedade”, escreveu.

História
Marisa Letícia Rocco Casa nasceu em 7 de abril de 1950, em São Bernardo do Campo. Ela viveu com 14 irmãos durante a infância em um sítio na Grande São Paulo.

O seu primeiro trabalho se deu quando tinha apenas nove anos de idade: era cuidadora de três crianças mais novas. Ela alimentava o sonho de, quando adulta, ser professora por adorar crianças.

Aos 13, para ajudar em casa, se tornou embaladora de bombons da fábrica de doces Dulcora. “Trabalhava com prazer, mas hoje tenho consciência de que lugar de criança é mesmo na escola, com tempo para brincar e aprender”, disse, em entrevista ao Portal Carta Maior, em 2002.

Dona Marisa só deixou o trabalho aos 19 anos para se casar com o taxista Marcos Cláudio da Silva. Do casamento, teve o primeiro filho, Marcos. Antes de o filho nascer, porém, o marido foi assassinado.

Seguiu a vida como inspetora de alunos de uma escola pública. Em 1973, conheceu Luiz Inácio Lula da Silva no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Lula, também viúvo, se apaixonou pela mulher e logo se casaram. Lula a chamava de “Galega”. Juntos por mais de 40 anos, Lula e Dona Marisa tiveram três filhos: Fábio, Sandro e Luís Cláudio.

Durante a greve dos operários do ABC, entre o fim da década de 1970 e 1980, dona Marisa teve papel sempre ativo. Liderou, inclusive, uma grande passeata de mulheres pela liberdade dos maridos presos com base na vigente Lei de Segurança Nacional, da ditadura militar.

“Hoje, você pensa, parece uma loucura. Encheu de polícia. Os homens queriam dar apoio, mas nós dissemos não, e saímos. Fizemos só com as mulheres”, relembrou, na entrevista ao Portal Carta Maior.

O PT foi fundado em 1980. A primeira bandeira do partido foi criada, com as próprias mãos, por dona Marisa, a partir de um recorte de tecido que tinha em casa há muito tempo. Ela costurou a estrela branca ao centro e exclamou: “Ficou lindo”. Na sua casa também estampava camisetas para arrecadar fundos no início do PT.

Até o início da campanha presidencial, em 2002, dona Marisa nunca tinha tido empregada, cuidava ela própria da casa e ia ao supermercado sozinha. Mas de uma coisa nunca abriu mão: Lula e os filhos tinham que lavar as próprias meias e cuecas.

Com a vitória da eleições, dona Marisa se tornou a primeira-dama do Brasil. Porém, nunca deu a si o papel do “primeiro-damismo”. Preferiu manter uma postura sóbria e discreta.

“Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do País”, escreveu a jornalista Hildegard Angel em 2011.

Num dos encontro de Lula com o presidente George W. Bush, os jornalistas perguntaram se o brasileiro gostava do seu par norte-americano. A resposta do Lula veio na lata: “Eu gosto mesmo é da dona Marisa Letícia da Silva”.
com Bruno Hoffmann, da Agência PT de Notícias

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