sexta-feira, 25 de novembro de 2016

CAI O ARTICULADOR POLÍTICO DE TEMER

Ministro da Secretaria de Governo, político baiano mergulha o governo em sua pior crise. Oposição vai pedir impeachment de Temer
Cortejado pelos altos escalões da República, Geddel Vieira Lima pede para sair em meio a um escândalo sem precendentes

Em dia de Black Friday no Brasil, cai o sexto ministro do governo do presidente Michel Temer (PMDB). Articulador político, linha frente das negociações pela aprovação da Proposto de Emenda a Constituição (PEC) 55, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) deixa o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República envolto em denúncias de uso do cargo para tentar obter benefícios privados.

Geddel, que foi um dos artífices do impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff (PT),  enviou por e-mail sua carta de demissão a Michel Temer nesta sexta-feira, 25. 

O ministro começou a balançar no cargo neste mês, quando Calero concedeu uma entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo" denunciando a pressão de Geddel.

O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero (PMDB-RJ) de ter advogado em causa própria e cometido tráfico de influência ao fazer pressões para que Calero agisse pela liberação de uma obra embargada pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Salvador, na Bahia.

Pivô da maior crise do governo Temer, o ministro Geddel Vieira Lima ficou insustentável no cargo, mas apesar de todas as evidências de que agiu em interesse próprio, o presidente Michel Temer tentou blindá-lo.

A situação de Geddel no governo se agravou ontem, quinta-feira, 24, se tomou conhecimento que não foi só o então ministro da Secretaria de Governo que pressionou o ex-ministro Marcelo Calero, a liberar uma obra ilegal em Salvador, que agride o patrimônio histórico da capital baiana.

Em seu depoimento à Polícia Federal (PF), Calero afirmou que Temer também o pressionou a liberar o espigão de 107 metros de altura, onde Geddel tem um imóvel de R$ 2,4 milhões.

"Que na quinta, 17, o depoente foi convocado pelo presidente Michel Temer a comparecer no Palácio do Planalto; que nesta reunião o presidente disse ao depoente que a decisão do Iphan havia criado 'dificuldades operacionais' em seu gabinete, posto que o ministro Geddel encontrava-se bastante irritado; que então o presidente disse ao depoente para que construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU [Advocacia-Geral da União], porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução (...) Que, no final da conversa, o presidente disse ao depoente 'que a política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão'", diz o ministro, em um trecho do depoimento.

De acordo com a assessoria do Palácio do Planalto, Temer aceitou o pedido de demissão de Geddel, que era responsável pela articulação política do governo.

Geddel Vieira Lima já se envolveu em outras polêmicas anteriormente. Ele foi um dos "anões do orçamento", um escândalo ocorrido a 20 anos atrás, no qual políticos manipulavam emendas parlamentes com o objetivo de desviar os dinheiros por meio de entidades sociais fantasmas ou com a ajuda de empreiteiras. 

Mesmo com a saída de Geddel Vieira Lima do governo, os outros partidos de oposição vão apresentar o pedido de impeachment do presidente Michel Temer. 

Lava Jato
Em relatório da Polícia Federal o ministro-chefe da Secretaria de Governo, que pediu demissão do cargo hoje, Geddel Vieira Lima, é acusado por um dos delatores da Operação Lava Jato como “boca de jacaré” pela ganância em conseguir uma transação do FI-FGTS (fundo de investimento do FGTS) que totalizou RS$ 330 milhões que o favoreceria.

O operador financeiro do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o empresário Lucio Funaro é quem acusa Geddel de participação no caso. Funaro foi preso pela PF na Operação Lava Jato.  A denúncia foi feita pela revista Época.

A suspeita contra Geddel foi descoberta após perícia feita pela PF no celular de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal e, atualmente, delator da Lava Jato. Em 2012, Cleto operou dentro do FI-FGTS em favor de Cunha e Funaro. Em troca, Cleto disse que recebia propina.

Sem o cargo, Geddel perde o foro privilegiado.

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