quarta-feira, 20 de julho de 2016

DETENTOS DE ITAJUBÁ IMPLANTAM HORTAS ORGÂNICAS EM TERRENOS BALDIOS DA CIDADE

Parceria entre o presídio e a comunidade é um fator de aproximação entre os detentos e a sociedade local


Transformar terrenos ociosos de escolas públicas e dos bairros em áreas verdes e produtivas. Esse é o objetivo do projeto Fazenda Esperança, idealizado pelos diretores do Presídio de Itajubá, no Território Sul do Estado. 

E quem está mudando esses espaços são os próprios presos, que fazem a limpeza dos terrenos, preparam a terra e vão, pouco a pouco, convertendo em hortas orgânicas áreas antes tomadas por mato, entulho e animais peçonhentos.

A segunda horta cultivada por presos dentro de uma escola pública com de 267 alunos foi entregue no último dia 13. 

A Escola Municipal Santo Agostinho, agora, conta com 18 canteiros distribuídos por 175 metros quadrados, com direito à plantação de alfaces, chicória, cebolinha, couve, rúcula, salsinha, repolho e couve.

A curiosidade e a expectativa das 18 crianças que participaram da entrega eram visíveis. Entusiasmadas em fazer o plantio, elas receberam de dois detentos as mudas de alface e chicória e se apressaram para pôr a mão na terra. 

Maria Eduarda, de nove anos de idade, era uma das mais animadas da turma. Contou que já havia plantado pés de acerola e laranja na casa dos avós. No entanto, ela não achou palavra melhor do que ‘incrível’ para definir a implantação de uma horta tão bonita na própria escola. 

Sorridente, Kauanne Vitória, também de nove anos, prometeu que iria comer a alface que estava plantando. 

“Eu não como verdura. Só gosto de arroz. Mas prometo que essa eu vou experimentar”. E é dessa forma, incentivando e fomentando a curiosidade dos alunos que a coordenadora pedagógica da escola, Valdete Ferreira dos Santos, espera melhorar os hábitos alimentares da criançada. 

“Com a horta e todo trabalho que realizamos em torno dela acreditamos que as crianças possam se interessar mais pelos alimentos verdes, principalmente quando descobrem que as verduras e hortaliças vêm da plantação que é cuidada por elas próprias”, diz a coordenadora. 

Aproximação
A parceria entre o presídio e a comunidade é um fator de aproximação entre os detentos e a sociedade local, servindo como uma espécie de estágio para um retorno positivo à vida em liberdade, especialmente na relação com a família. 

Durante a inauguração da horta da Escola Municipal Santo Agostinho, por exemplo, havia filhos e filhas de presos. 

Uma dessas alunas, vencendo a timidez, dirigiu-se ao diretor-geral do Presídio de Itajubá, Rodney Dantas: “Tio, você conhece o meu pai? Fala pra ele comer direitinho, pois a mamãe disse que ele não está comendo direito”. 

Primeira horta escolar
A primeira horta do projeto Fazenda Esperança foi implantada na Escola Estadual Novo Tempo, que tem 181 alunos com deficiência intelectual, auditiva ou com transtorno global de desenvolvimento. 

Seis detentos participaram, enfrentando muito mato para capinar e até três cobras que habitam o terreno abandonado. 

As hortaliças estão quase no ponto de serem colhidas e vão fazer parte das refeições dos estudantes. A horta está sendo usada também para as aulas interdisciplinares que juntam biologia e ecologia. 

Nesse caso, o Instituto Estadual de Florestal (IEF) e a Prefeitura Municipal de Itajubá são parceiros importantes, ofertando material e a orientação técnica de um engenheiro agrônomo.

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