segunda-feira, 1 de setembro de 2014

QUEDA NA PRODUÇÃO DE CAFÉ PODE CHEGAR A 30%

Desde o início do ano, a seca na região sudeste, a cada dia, ganha mais espaço na mídia. Os debates sobre a questão se tonaram rotineiros, até mesmo nos eventos organizados pela Universidade de Alfenas (Unifenas), principalmente aos ligados ao meio rural. Em março, o Encontro Sul Mineiro de Produtores de Milho (SulMilho) chamou a atenção para a queda da produtividade do milho. 
 
Em abril as palestras do Seminário Unifenas Rural destacaram a importância da água na agricultura e, esta semana, na quarta-feira, 20 de agosto, durante o lançamento dos anais do Seminário, novamente a questão da água esteve presente como centro das atenções. 
 
Instigado a falar sobre as consequências da seca na região, Raul Maria Cassia, gerente regional da Emater de Alfenas, que corresponde a 25 municípios, destacou o impacto da seca na piscicultura, na produção do leite, na produtividade do milho e, principalmente, no café. Considerado o ouro verde da região, o café, que ocupa uma área de 180 mil hectares, teve uma queda de aproximadamente 30%. “Esse evento [climático], quanto ao de sul de Minas, foi muito impactante, economicamente falando, e vai trazer reflexos até 2015”, afirma Raul.

As perspectivas para o próximo período chuvoso também não são muito otimistas. Embora as previsões apontem chuvas boas, o representante da Emater acredita que não serão suficientes para a recuperação total dos mananciais: “O que vai afetar e afeta aqui, nessa região, os aquicultores. Nós estamos com 80% ou mais dos tanques redes fora da água.” E completa dizendo que junto ao agricultor a questão é de cautela: “O produtor está demorando a adquirir seus fertilizantes, suas sementes, esperando uma definição do tempo, com relação a fazer os seus investimentos para a construção do novo ano agrícola que inicia”.

Questionado se houve falta de planejamento para prever tal seca, o gerente da Emater disse que o setor agropecuário da região está preparado para enfrentar secas nos meses de junho, julho e agosto. “É normal, na nossa região, não chover nessa época, mas em janeiro e fevereiro, por mais que a gente fale de planejamento, planejar um combate à seca, uma adequação para isso, seria um pouco alarmista da minha parte falar que estamos preparados e ou que faltou planejamento para isso. Acredito que tem sim que ser construído um planejamento, mas que começasse agora e que a gente construa ano a ano, a cada safra, inclusive que provoque novas políticas-públicas e de pesquisa com relação a variedades, manejo etc.”

Com relação ao café, uma das medidas a serem tomadas, segundo Raul, está no manejo integrado das ervas daninhas e do mato na formação de matéria orgânica no solo e outras tecnologias que minimizem a evaporação excessiva e as temperaturas dessa região. Ele destaca que não é da noite para o dia que as tecnologias se adéquam e se adaptam dentro da agricultura. 
 
“Novas variedades provavelmente vão surgir, novos manejos também. Isso, junto com o conhecimento do agricultor, com a extensão rural e principalmente com a pesquisa, buscando um alinhamento. Queiramos que não ocorram novas intempéries fora de época, como foi essa de janeiro e fevereiro, que está completamente extemporânea para nossa região.”
com Everton Maques - da assessoria Unifenas

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